Obrigada por acompanhar Tomoito :) Aqui vai o primeiro capítulo e logo a seguir o segundo ^^U
Capítulo 1 - Prontos para a Visita?
Uma melodia nostálgica acordou-me de um sono profundo. Acho que sonhei com qualquer coisa mas não me conseguia recordar ao certo. Apenas restava o sentimento de confusão agravado pela melodia que não cessava de tocar.
Olhei em volta, estava no meu quarto sem janelas. Aliás, nenhuma das divisões da casa tinha janelas, apenas quadros bonitos que ilustravam aquilo que veria se ainda vivesse na época em que se podia respirar à superfície da Terra.
- Desliga-me essa merda! - grunhiu alguém do beliche de cima.
Só então me dei conta que a melodia provinha do meu telemóvel. Apressei-me a levantar da cama levantando os lençóis pelo ar e em 2 passos pus-me em frente à minha escrivaninha, onde se encontrava o telemóvel.
- Não podes desligar essa merda durante a noite? - olhei para cima e vi a Cassie, a minha colega de quarto. Delicadeza não é com ela, fala tal qual como um homem das obras.
- Desculpa, desculpa! - pedi enquanto atendia o telemóvel cessando por fim o seu toque. - Estou?
- Toca a acordar Miku!! - gritou uma voz jovial através do auscultador.
- Miriam? - perguntei ensonada.
- Euzinha! Então tudo pronto para a visita de estudo?
- Qual visita de... - só então notei numa mala de viagem aberta no fundo do quarto. Era a da Cassie, a minha encontrava-se arrumada e fechada, pronta para sair. Só então me lembrei. - Raios, a visita!! Que horas são Miriam?!
- Ainda é cedo, tens tempo. - respondeu alegremente, acalmando-me.
- Cassie, vai acabar de fazer a mala. - sussurrei enquanto puxava levemente o lençol da minha companheira de quarto.
- Vai à merda, tenho tempo. - grunhiu ela, puxando o lençol para o seu lado, sem sequer olhar para mim.
- Enfim... Mas Miriam, o que estás a fazer acordada a estas horas?
- Desculpa. A verdade é que estou a passar uma seca no hospital e decidi telefonar-te para ver se me animava. - agora o seu tom já era mais ameno, lembrando-me das circunstâncias em que ela se encontrava.
- Passaste aí a noite? O teu irmão não está melhor? - perguntei com alguma cautela, com medo da resposta.
- Ele não se sentiu bem durante a noite, por isso pediram-nos para vir cá ter. Acabei por ter de fazer uma transfusão de sangue para ver se ele estabilizava. - notava agora algum cansaço na sua voz.
- E ele melhorou?
- Sim, acho que hoje se safa sem ter a maninha por perto - voltava a voz jovial que ouvira anteriormente - E os meus pais ficam com ele por isso posso ir à visita de estudo!
- Mas não há problema? Passaste a noite em branco e ainda tiveste de fazer uma transfusão, achas que aguentas?
- Claro que aguento! Para além do mais vou estar contigo e com o Taiko! E vamos ao museu da música, aposto que ele vai adorar!
- Ai o Taiko... - respondi como que uma provocaçãozinha.
- Não comeces... - disse ela, quase que lhe adivinhava o sorriso embaraçado por detrás do telefone.
- Mas nunca mais desligas essa merda?! Quero dormir! - e seguiram-se um monte de palavrões vindos da minha companheira de quarto de tal maneira que me vi forçada a despedir-me à pressa da Miriam.
- Já são um quarto para as oito, sabias? - rematei por fim.
- O quê?!?!?!? - e mais palavrões saíram da boca da Cassie à medida que atirava os lençóis ao ar e corria pelo quarto fora.
***
Por fim estava no transporte para a nossa visita de estudo! Era um autocarro velho sobre carris, sim por muito estranho que pareça, movia-se sobre carris. Isto porque depois de toda a gente ir viver para debaixo da Terra, chegaram à conclusão que podíamos reaproveitar as linhas do metro e até construir mais. Enfim, é algo meio complicado e aborrecido de explicar por isso vou passar à frente. O túnel de partida estava iluminado com fortes luzes fluorescentes, não deixando um canto escuro que fosse. Acho que um dos maiores medos dos seres humanos quando se mudaram para o mundo subterrâneo era precisamente a ausência de luz, de tal maneira que agora é praticamente impossível encontrar um túnel ou corredor que não esteja iluminado a 100% durante 24 horas por dia.
- Mi-ku! - chamaram. Quando olhei já tinha um indicador espetado na minha bochecha.
- Taiko! Seu idiota! - disse enquanto lhe atirava um pacote de lenços para cima.
- Estavas tão séria a olhar lá para fora que não resisti. - disse-me com um ar brincalhão.
- Estava à procura da Miriam. - e voltei a espreitar pela janela - Ela já devia ter chegado, não?
- O hospital ainda é longe, deve estar só um pouco atrasada. De qualquer maneira já lhe guardámos um lugar. - disse ele enquanto apontava para um lugar entre nós os dois.
- Tens razão. Ah! Ali vem ela!! – abri a janela e chamei pela minha amiga.
Ela estava a sair de um táxi sobre carris e assim que me viu correu para o autocarro e veio sentar-se junto a nós.
Como ela era a única aluna que faltava, finalmente pudemos arrancar em direcção à visita de estudo.
***
- O que é que tens aí Miku? - Taiko olhava com um ar demasiado interessado para o meu saco com o lanche.
- Nada que te interesse!! - respondi afastando-o dele. - Ontem comeste os meus bolinhos de creme todos!
- Tens aí mais?! Eu quero!
- Nem penses!!
- Eu não digo que não a um. - interveio a Miriam que até há pouco se encontrava a dormitar no seu assento.
- A Miriam merece um. - respondi enquanto lhe servia um bolinho.
- Então e eu? - perguntou Taiko choroso.
- A Miriam hoje deu sangue, logo precisa de coisas com açucar. Tu já tens a cabeça açucarada que chegue!! - respondi
- Ehe, deixa Taiko, eu divido contigo. - respondeu a Miriam.
- Yey!! - respondeu ele enquanto se aproximava da minha amiga com a boquinha aberta pronta para um bolinho.
- Eeeeeeeh!? Traidora!
Ela limitou-se a piscar-me um olho enquanto levava o bolinho à boca do Taiko.
"mooooh, ainda acabo a viagem a fazer de vela..." - pensei para mim mesma, enquanto enchia a boca com bolinhos.
- Miiiikuuuu - chamou o Taiko.
- Quié?!
*txick*
Taiko mostrou-me a minha foto com a boca cheia de bolos.
- Naaaao, apaga isso!! - lancei as mãos para o seu telemóvel tentando apagar a foto.
- Já está no meu servidor, não consegues apagar!
- Naaaaaaoooooo.
De repente o autocarro parou e eu aterrei em cima do Taiko e da Miriam.
A professora ligou o microfone e falou para todos ouvirem:
- Parámos numa estação de serviço. Se quiserem aproveitar para ir à casa de banho façam-no agora.
- Bem, eu já venho. - avisou a Miriam.
- Queres que eu vá contigo? - perguntei enquanto me levantava de cima dos meus amigos.
- Não, deixa estar. Estou só um pouco enjoada, só preciso de molhar o rosto.
- Ok, então até já! - disse o Taiko acenando.
Quando a Miriam saiu do autocarro não aguentei mais.
- Taaaaiko.
- Hum? - ele estava a escrever uma mensagem no telemóvel, mas assim que ele a enviou, saltei para cima dele e arranquei-lhe o aparelho das mãos.
- Vou apagar a maldita foto!!
- Não! Devolve isso já!
Foi então que sem querer vi o relatório da mensagem que ele tinha enviado. Era para a Miriam.
- eeeeeh... - ele apressou-se a tirar-me o telemóvel das mãos com um ar muito corado. - Ela não se pode afastar por um segundo que já estás as mandar mensagens? hmmmmm...
- Não é nada do que tu estás a pensar!! - respondeu vermelho como um pimentão.
- E no que é que eu estou a pensar?
***
Entretanto Miriam estava na casa de banho pública. Desde de manhã que se sentia estranha. Tudo lhe parecia insuportável e qualquer som fora do normal deixava-a com os nervos à flor da pele. E acima de tudo uma sede insaciável, que por mais água que bebesse não passava.
Naquele momento entraram 3 raparigas com o mesmo uniforme escolar que Miriam na casa de banho. As 3 falavam e cacarejavam que nem galinhas e a dor de cabeça de Miriam só piorava.
- E sabes a Trisha? Da turma B? Ouvi dizer que ela andou metida com...
"Se ao menos elas se calassem."
- Estás a gozar?! Que...
"Que som irritante, enervam-me!"
- E ele que fez?
"Calem-se de uma vez, estúpidas irritantes!"
- Não pode, ahahaha
"Vocês não deviam existir!!"
- Olha, aquela não se deve estar a sentir bem
"CALEM-SE!!!!"
- Tu estás bem?
E ficou tudo negro.
***
- Aaaah que bela cagada! - suspirou Cassie enquanto puxava o autoclismo.
"Agora é voltar para aquela visita de estudo idiota a um museu de merda." - pensou enquanto abria a porta da casa do cubículo onde se encontrava.
Quando os seus olhos alcançaram o fundo da casa de banho viu algo que não era suposto ver.
Cassie estacou. Nenhuma asneira lhe saiu da boca durante os 5 segundos que lhe levaram a perceber o que se passava à sua frente.
Três corpos amontoados. Cobertos de sangue. Três das suas colegas. Nenhuma se movia.