Realidade

O vento fazia o meu cabelo oscilar violentamente enquanto eu corro sem parar pelas ruas da cidade. Eu corria o mais rápido que podia. Na minha mão direita eu aperto meu celular. Eu sentia meus olhos pesados e aguando. A minha respiração estava ficando mais pesada a cada passada que dava. Mas eu não me importo.

Eu preciso chegar lá...Eu preciso vê-lo...Eu preciso...

Eu vejo o grande edifício branco com uma cruz sobre ele.

Eu estou quase lá!...

Entro pelas portas de correr transparentes e chego à receção. Bato com as mãos no balcão.

"Eu est-o-o-ou procurando H-Hanaka Eiji!" Digo ofegante à senhora da receção.

Parecia ter 25 anos, de cabelo preto apanhado atrás num rabo-de-cavalo e olhos castanhos.

Ela olha para mim "Você está bem?"

Não ...

"Sim! Por favor diga-me onde está Hanaka Eiji!" Eu olho ela nos olhos.

"E quem é você?"

"Eu sou sua irmã!"












É verdade...

Eu estou à entrada da sala olhando para o quarto escuro. No meio do quarto há uma cama. Na cama um corpo coberto com um lençol branco.

Não...

Dei um passo para a frente.

Por favor...

Eu avanço lentamente sentindo minhas pernas ficando pesadas.

Não...não pode...

Eu sinto meus olhos ficando molhados a cada passo que eu avanço para a cama. Levanto minha mão esquerda sobre o cobertor branco. Noto que está tremendo. Sinto a textura do tecido na ponta dos meus dedos.

Você pode fazer isso...

Eu inspiro fechando os olhos, pegando no cobertor para revelar o rosto.

Tento abrir meus olhos, mas não consigo.

E se não é ele?

Aperto com força o cobertor.

E se é realmente ele?

Abaixo a minha cabeça com os olhos ainda fechados respirando lentamente. Eu ergo minha cabeça de novo. Abro meus olhos e finalmente olho para o rosto.













"Eu sinto muito pela sua perda Ms. Hanaka. Se existe algo que eu possa ajudar, não hesite em perguntar…"

"O-Obrigado."

Vejo minha mãe chorando enquanto agarra um lenço ao lado de seu rosto. Em sua frente está o nosso vizinho e sua esposa. Esta está sentada ao lado esquerdo de minha mãe, pegando a mão livre dela. Desvio o olhar. Eu vejo como as pessoas entram e saem da sala. Como se reúnem em pequenos grupos falando dele. Eu desvio o olhar mais uma vez. Olho para o altar encostado na parede no centro da divisão. Vejo como a fumaça do incenso sobe para o teto desaparecendo, as rosas brancas ao redor de uma moldura média. Nessa moldura está uma foto de uma pessoa com um grande sorriso olhando para mim, como se estivesse agora ali. Aquele sorriso caloroso grande que sempre me fazia animar. Agora era só algo impresso em um pedaço de papel.

Sinto uma mão em meu ombro direito e olho para cima para ver o meu primo. Ele sorri tristemente para mim me olhando com seus olhos castanhos.

"Não se preocupe Sahiko. Eu estou aqui para você ok?" Ele sorri mais uma vez.

"Sim..."













"Sahiko queria você me está ouvindo?"

...

"Vou deixar o seu jantar aqui está bem?"

...

"Sahiko..."

Ouço os passos do outro lado da porta, minha mãe descendo as escadas. Eu fico olhando para a porta debaixo dos lençóis. O barulho do relógio é o único som que se pode ouvir no meu quarto. Afasto os lençóis da cama e caminho até a porta. Abro lentamente eu vejo uma bandeja com uma tigela de arroz, um prato com um pouco de carne e um copo com água. Pego a bandeja e fecho a porta de novo. Me sento no chão encostada à porta enquanto como.
Acabo de comer e abro a porta encontrando minha mãe.

"Sahiko... Seus amigos me deram isso..." Ela me mostra uma caixa branca. "São alguns bolos ... dos que você gosta querida" Ela sorri.

"Não, obrigado..." Eu entrego a bandeja. "Obrigado pela comida ..." Fecho a porta.









"Já passaram 2 meses doutor, e ela não sai de casa..."

Ouvi minha mãe dizendo ao telefone.

"Não ... ela come e faz as coisas normais, mas ... sim eu sei ... mas ... sim ... está bem ... sim doutor ... obrigado... Tenha um bom dia também ... "

Entro na sala e vejo minha mãe com a cabeça baixa e com a mão esquerda na testa. Ela me vê e sorri. Caminho até a cozinha até ao refrigerador e abro, movendo os olhos à procura de algo para comer.

"Sahiko ..." Eu ouço minha mãe dizer quase como um murmúrio

"Sim?"

Há um momento de silêncio. Tiro um pacote de leite do refrigerador fechando a porta. Abro o armário e tiro os cereais. Pouso o Leite e os cereais no balcão da cozinha.

"A Seiko telefonou. Ela convidou você para ir à sua festa de aniversário..." Vejo minha mãe sentada no sofá.

"Ai sim?" Abro outro armário e pego uma tigela.

"Talvez você devesse ir...Eu quero dizer... bem ela era namorada do Eiji ... E seria bom para você estar com outras pessoas ..."

Coloquei a taça sobre o balcão e respirei lentamente.

Sim. Ela era a namorada dele. E então? Ela não parece estar triste, fazendo festas!

Caminho em direção do corredor.

"Sahiko?"

"Eu perdi o apetite."












Abro os olhos lentamente e olho para o meu despertador.

19h34…

Me mexo debaixo dos lençóis, fechando de novo os olhos.

...

Não consigo dormir. Me sento na cama passando a minha mão direita sobre o meu cabelo. Suspiro. Olho para o meu calendário.

É quase o início de um novo ano escolar.

Olho para as molduras na minha secretária. Vejo todos os meus amigos e colegas. Saio da cama e caminho até a porta abrindo ela. Desço as escadas e entro na cozinha. Vejo minha mãe fazendo o jantar. Movo meus braços cruzando eles sobre meu peito.

"Mamãe ..."

Eu vejo minha mãe dando salto de surpresa e se virando para mim.
"Sahiko?"

"Mamãe...” Mordo o meu lábio inferior “Eu quero voltar para a escola..."

Vejo os olhos de minha mãe abrirem de surpresa e move às mãos à boca. Lágrimas aparecem no canto dos olhos dela. Ela se move rapidamente para mim e me abraça chorando. Olho ela quieta. Ela continua a chorar. Sinto meu ombro ficando frio e molhado. Movo meus braços lentamente, e abraço ela de volta.