Acampamento Meio Sangue ~ Vocaloid Pt-Br version ~

- Kinnnnnnn! – alguém gritou de repente.

Era uma bela manhã, nublado e com cara de chuva. Ela estava indo para a escola, era segunda feira, para o desânimo de todos. A rua estava cheio de alunos da mesma escola, alguns conversavam sobre o tempo, outros sobre as lições de casa, alguns estavam sozinhos, outros preocupados com a chuva que poderia cair.

Kin sobressaltou com o grito e olhou para trás. Uma garota sorria e corria em sua direção e a abraçou no pescoço.

- Bom dia, Kin!- ela disse, com animação.

- Que susto, Kana-chan! – Kin disse, com um tom bravo.

- Heheheh, desculpa!

Kanami a largou e começou a andar de seu lado, segurando a mala com as duas mãos para frente.

Ela era uma garota bem alegre e ao mesmo tempo tímida e quieta. Quando se apegava a uma pessoa, não largava mais. Sua matéria preferida era biologia, principalmente na parte de botânica, tanto que em sua casa tem um belo jardim de flores e na internet, gosta de postar fotos dela com as flores. Apesar de Kanami não ser bonita, não ser nem um pouco chamativa, o perfume que usava era simplesmente maravilhoso, um cheiro tão natural de rosas, que isso meio que chamava a atenção das pessoas por onde passa. Só que, infelizmente ela tem dislexia e hiperatividade, o que afastava todo mundo dela.

- Conseguiu fazer a lição do Mestre?

Na linguagem de sua classe, mestre significava a professor de matemática, que não era nem um pouco simpático. Ao contrário, mandava fazer listas de exercícios com mais de 30 para resolver e acha que os alunos sabem e lembram de todo o conteúdo de matemática que aprenderam desde que nasceram.

- Mais ou menos. É desanimador saber que nem consigo fazer os primeiros exercícios...- Kin coçou a cabeça, meio nervosa.

- Ah, ela falou que não necessariamente os primeiros exercícios são os mais fáceis. Não se sinta mal. A prova é daqui a uma semana e eu nem toquei na lista! – Kanami disse, com certo ar de orgulho.

- Kana-chan! Você não tirou uma boa nota no bimestre passado! Deveria estar estudando que nem eu. – Kin disse com um tom de reprovação.

Kin era do tipo bem energética e extrovertida. Falava com todo mundo da classe, brincava e dava boas risadas, apesar de ficar irritada quando faziam coisa errada ou era contrariada. Gostava de tirar boas notas e se esforçava para isso, apesar de que no final, quase não fazia muita coisa. Sonha em ser engenheira elétrica, pois adora saber como as máquinas funcionam. Por algum motivo estranho, principalmente quando ficava nervosa, seus cabelos de repente arrepiam-se e volta ao normal em segundos. Apesar desse jeito alegre, sua dislexia e hiperatividade atrapalhavam no seu círculo de amizade, sendo que o último era bem mais forte que a da amiga.

As duas chegaram à classe cedo. Sentaram em suas carteiras e começaram a conversar novamente, enquanto seus colegas chegavam e o sinal não batia.

- Sabe Kin, eu tive um sonho estranho nesse fim de semana – Kanami deitou sua cabeça na carteira, com uma cara de desânimo.

- Sério? Conte-me!

- Estava chovendo, escuro, não havia nem estrelas, nem lua no céu. Havia apenas a iluminação que os relâmpagos faziam. Não enxergava nada, não sabia onde estava. Até que um dos relâmpagos iluminou algo parecido com leão e ele me encarava assustadoramente. De repente, estava testemunhando uma luta entre esse leão e um homem muito peludo na parte de baixo. Seu rosto era bem familiar para mim, mas não conseguia lembrar quem era. Foi uma luta violenta e parecia que o homem perderia. Ele tocava uma flauta e fazia plantas enrolar no leão. Mas não era o suficiente, porque o animal tinha uma força brutal. Então, ele jogou o homem peludo para longe e o olhar animal dirigiu-se para mim. Avançou, correu e eu não consegui me mexer, estava paralisada de medo. Foi então, quando o felino pulou para me abocanhar, ouvi alguém gritando meu nome e um raio torrando o animal. Eu acordei na hora.

- Que sonho mais tenso esse!

- Nem me fala. Parecia-me tão...real. Mas tudo bem, sonho é sonho!Kinnn, vamos passar lá no Aiya e pedir takoyaki? Estou com muita vontade de comer. – os olhos dela brilharam.

- Não posso, eu tenho que estudar essa maldita matéria! – ela disse com muita raiva.

- Por favoooor, por favor, por favooor!

-...Ta boom. Só hoje. Vamos chamar o Shin? SHIIINN!!- Kin gritou.

Shinzou era seu nome. Estava conversando com seus amigos sobre Magic e não gostou quando Kin o chamou. Os três eram amigos de infância e um vivia ajudando o outro, apesar de Shinzou ser mais chato e teimoso que as outras. Eles se conheceram em um centro de reabilitação para dislexos e outros distúrbios comportamental. Desde então, não se separaram mais, pois por causa desses problemas, prometeu um ajudar o outro quando precisasse.

O garoto vinha de uma família bem humilde, mas bastante querida pelas duas garotas. Lógico, eles tinham uma loja de doces japoneses a qual elas amavam comer algo de graça, oferecido por sua avó. Shinzou odiava esporte e seu hobby preferido é jogar videogame ou ficar no computador ou jogar Magic com os amigos. Preguiçoso, despreocupado com a escola, também não tirava notas boas e só tinha amigos interessados no jogo de cartas, porque de resto, Shinzou não era nada para eles, só atrapalhava por causa de sua dislexia e hiperatividade. Apesar disso, era um garoto bastante determinado em suas coisas, tem um senso de justiça forte e era inteiramente fiel a Kin e Kanami. Adora comer no Aiya, sendo que não recusa um encontro lá por nada. Não sonha com nada, mas gostaria de continuar a administrar a loja de sua família.

- Que foi, Kin? Não viu que eu estava ocupado? – ele disse com uma cara feia e cruzou os braços.

- Ah, cala a boca. Nós vamos lá ao Aiya comer takoyaki, quer vir junto?

- Opa, esse eu quero. Takoyaki de lá é imperdível. Vou chamar meus am- e Kin o puxou pela orelha.

- Não vai nada. A última vez que você fez isso foi simplesmente insuportável ouvir vocês falando sobre Magic a tarde inteira!

- Pior que é verdade. – Kanami concordou.

- Argh, tá bom né.

O sinal tocou e todos sentaram em seus lugares. O professor de história entrou e alunos levantaram-se para fazer o cumprimento formal, curvando-se e desejando bom dia.
O dia passou calmamente. Aulas chatas, aulas legais, anotações no caderno, desenhinhos nas folhas, bilhetinhos, cochichos, lições e disciplina. Kanami estava preocupada, algo a incomodava no fundo e por isso não prestava muito atenção, batendo descontroladamente a caneta na mesa. Kin tentava prestar atenção, mas Shinzou a distraia com brincadeiras, na hora que o professor não estava olhando.

O professor andava pela classe enquanto discursava sobre a Revolução Francesa. Kin então começou a bater o pé no chão por causa das distrações constantes que seu amigo fazia. Até que o docente parou de andar entre as carteiras das duas garotas.

-Parem.- disse.

As duas pararam de se mexer, meio assustada.

- Sabe que essa suas hiperatividades atrapalham os colegas, não?

Elas abaixaram a cabeça e pediram desculpa.

- Do que eu estava falando, Kanami-san?

- ...Não sei professor.- respondeu de olhos baixos.

- Vamos, Kin-san. A resposta está na lousa, ajude sua amiga.

Ela tentou ler. Mas as letras se embaralhavam em sua visão, misturavam-se e formavam palavras totalmente sem sentidos. Teve vontade de resmungar um Maldita Dislexia! Mas ficou quieta, de olhos baixos também.

- Tudo bem, então.- o professor afastou-se e continuou a dar aula.

Alguns alunos riram, outros cochicharam. Shinzou sentiu raiva daquilo, pois sabia como isso era. Kanami passou o resto das aulas distraídas e Kin não conseguia parar quieta, sendo expulsa da sala.

No final do horário escolar, os três foram almoçar no Aiya. Aiya é um restaurante popular e barato. Normalmente fica cheio no almoço, mas eles sempre chegam na hora que ainda está vazio. O lugar era feito de madeira e havia várias lâmpadas japonesas pendurados. A cozinha ficava aberta para todos verem e por isso, cheiros gostosos despertavam a fome de todos.
Os três sentaram no balcão, em frente à cozinha e pediram quatro porções de takoyaki, um a mais para Shinzou. Ficaram esperando o pedido.

- Cara! Eu tive um sonho muito estranho hoje. Sonhei que estava lutando contra um leão muito forte e até o Mestre estava lá. – ele disse, com um ar retraído.

Kanami arregalou os olhos, surpresa.

- S-Sério? Você também? Aaaaaah, o Mestre! O cara peludo do tronco para baixo era o Mestre! Mas por que ele estava tão barbudo? Aquelas pernas não eram normais. O leão era grande e super forte? O Mestre estava lutando, não é? – ela disse, com entusiasmo.

- Sim, lutava bravamente. Que estranho, nós dois termos o mesmo sonho. Será que significa alguma coisa ou é coincidência? Não que eu acredito nisso mas...oooh, algo sobrenatural, que nem nos seriados americanos.

- Ah~ to com fome! Querem parar de falar desse sonho? Está me dando arrepio. E pelo amor de deus, Shin! Pare de usar esse perfume enjoativo e doce. Argh, é por isso que odeio homem perfumado. – Kin mostrou a língua de nojo.

- Pela 3218732 vez! Já disse que não uso perfume. – ele bateu na mesa.

- Mas eu concordo com Kin-chan. Tá um cheiro adocicado vindo de você... Parece uva. Se fosse mais fraco, eu adoraria saber onde você comprou. – Kanami disse, com um sorriso.

- N-Ã-O U-S-O P-E-R-F-U-M-E! – ele apertou as bochechas de Kana.

Morita, um dos amigos cozinheiro deles serviu os pedidos e todos começaram a comer.

- Querem ir ao cinema? Estreou Jogos Mortais XXXIIIV! Vamooos? – Shinzou perguntou de boa cheia.

- Você sabe que não gostamos de filme de terror.- Kin enfiou um takoyaki na boca.

- Ah, e daí? É simplesmente um pecado ir ao cinema sozinho.

- Por que não chama seus amiguinhos do Magic? – ela perguntou de um jeito irônico.

- Recusaram. Disseram que sou barulhento demais, não parava quieto e que reclamava demais que não conseguia ler legendas.

As duas sentiram pena do garoto. Elas também já passaram por experiências desse tipo e é, mesmo contra a vontade delas, foram solidárias.

- Tá bom! Tá bom! – Kin revirou os olhos. Kanami sorriu.

Saíram do Aiya e foram para o shopping. Compraram os bilhetes e esperaram dar o horário passeando pelo lugar. Só que os outros sentiam a mesma coisa: alguém perseguindo-os. Mas toda vez que olhavam para trás, não havia ninguém suspeito. Kanami começou a ficar nervosa e andava olhando para baixo. Kin ficava impaciente com essa sensação de perseguição e Shinzou estava sério, com as mãos no bolso.

Entraram no cinema. Até que estava cheio para um filme como aquele. Sem querer, Kanami esbarrou numa garota que estava carregando dois refrigerantes e um pacote de pipoca.
-Ah-ah-aaaaaaaah!- ela exclamou quando viu que tinha esbarrado.

Rapidamente pegou tudo que estava caindo com as mãos, em segundos. Todos ficaram impressionados com seu reflexo. Kana ficou sem graça, desculpou-se e juntou-se aos amigos.

-Uau, Kana-chan! Onde aprendeu a ter esse reflexo?- Kin perguntou, impressionada.

-Não faço idéia... Pergunta para Shin, ele também tem um ótimo reflexo. Lembra aquela vez que o garçom derrubou dois pratos de comida e ele conseguiu pegar todos?- comeu um punhado de pipoca.

- Wow, é verdade. – coçou o queixo.

As luzes devagar se apagaram e o filme começou. Logicamente, as duas garotas não se separaram durante as cenas de terror , tremendo de medo, fechando os olhos e dando gritinhos que irritou Shinzou.

Quando acabou, já era de noite e o céu estava bem nublado. Decidiram voltar para casa a pé, quando começou a chover e em uma rua vazia, as luzes dos postes se apagaram de repente.
- Ai que legal, não to vendo nada. – Kin pegou seu celular e abriu, para iluminar. Os outros fizeram a mesma coisa.

- Já nem sei que direção estava indo! – Kanami ficou nervosa.

- Sei lá, a gente dá um jeito. – Shinzou disse, olhando ao redor.

Foi então que Kana sentiu algo estranho nos pés. Perguntou se eles também tinham sentido, mas responderam que não.

- E-Eu senti uma vibração estranha...quatro pés, será duas pessoas? Mas é tão igual...- ela começou a falar sozinha.

Os outros dois se entreolharam, estranhando.

- Do que você tá falando? – Kin perguntou incrédula.

Kanami fez um sinal de silêncio com a mão. Olhava para frente, tentando perceber algo. Não se mexia, estava concentrada.

Foi então que subitamente ela gritou o nome da amiga e a empurrou para baixo. Kin só viu uma gigante sombra passando por cima delas. Caíram no chão e rapidamente levantou-se para ver o que era. A sombra estava agitada, fumegava, seus olhos eram cor de ouro.

- Mas o qu- Shinzou continuaria sua fala, se não tivesse sido interrompido por Kin.

- Joguem-se para o lado! – ela gritou e se jogaram.

Jogaram-se a tempo de desviar de outro avanço da criatura. Essa mesma bateu fortemente contra um muro e rachou-o. Nem pensaram duas vezes e começaram a correr.
Começou a relampear, dando certa luminosidade, revelando a criatura grande a qual estava tentando os matar. Um leão.

- Err... isso está muito parecido com meu sonho. – Shinzou disse amendrotado.

- Eu acho que isso é o nosso sonho. – Kanami respondeu, séria.

- Então tá, quero a parte do Mestre lutando AGORA – a outra enfatizou.

Relampeava fortemente, com um estrondo absurdo, chovia intensamente. Todos estavam ensopados e morrendo de frio. Correram com todas as forças, ouviam o leão rosnar, o som das patas pesadas no concreto lutava para não escorregar. Eles chegaram em uma praça arborizada, que também estava sem luz e por isso não tinha muita gente. Pensaram que estariam a salvo, mas parecia que ninguém via o leão chegar.

- Mas como é que eles não o enxergam? É um leão muito grande para passar despercebido. – Kin comentou incrédula.

Correram até chegarem em uma parte fechada da praça. Ficaram desesperado, não tinha mais tempo. O animal tinha chegado e estava morrendo de fome.

Paralisaram. Um passo e o leão avançaria para comê-los. Mas não podia ficar assim para sempre. Sem paciência, ele avançou. Só que de repente, ouviram uma flauta sendo tocada e um leão sendo enrolado por cipós.

- Mas que... Bad Romance da Lady Gaga? Cara, que terrível essa melodia.- Kin tampou os ouvidos com a mão.

- Ora, ora, é assim que vocês me agradecessem por ter ajudados? Eu sabia que os alunos eram mal agradecidos! – uma voz grossa soou, uma sombra foi aparecendo aos poucos.

Os três ficaram boquiabertos e exclamaram juntos.

- MESTRE?!

Depois que exclamaram o apelido do professor de matemática, não se contiveram em olhar do tronco para baixo. Todos ficaram boquiabertos. O corpo do professor era assim: seu rosto era bem barbudo, castanhos escuro. Estava nu e só não era pior, porque a parte das pernas e coxas era toda cheio de pelo, não dava para ver nem um buraquinho de pele. E no lugar do pé, haviam cascos!

- O-O que eu estou vendo ali...são cascos? - Kin esfregou os olhos para ver se não estava enxergando mal.

- Pior que é. - Shinzou respondeu, com certeza.

- Nossaaaaa. - Kanami exclamou, surpresa.

- Ei, parem de ficar me olhando, isso é muito constrangedor para um sá- acabou levando uma cabeçada do leão e os três correram para os lados. - Ora seu animalzinho! - pegou sua flauta e tocou uma outra melodia.

Do nada, cipós começaram a sair por entre as árvores e enrolaram o leão de novo e apertá-lo. Mas o leão se soltou e correu em direção ao mestre. Ele se jogou para o lado e tocou novamente a mesma melodia, só que os cipós tentava ricochetear o animal. Conseguiu acertar alguns vezes, mas parecia não fazer efeito.

- Baby you're a firework...Come on let your colors burst! Make 'em go "Ah, ah, ah!"...You're gonna leave them all in "awe, awe, awe"... - Shinzou começou a cantarolar junto com a melodia.

- Hellooooooo? Não é hora de cantar Katy Perry! Temos que sair daqui! - Kin o puxou e começou a correr.

- Mas vamos deixar o mestre lutando sozinho? - Kanami perguntou, com dó.

- Você quer que façamos o que?

- Eu não sei...

Kin puxou a mão de sua amiga e os três correram para fora do parque. Estavam sentindo medo de um modo totalmente novo para eles. Realmente sentiram que suas vidas estavam correndo perigo. Um leão assim solto no meio da cidade? Todo mundo viu e não fizeram nada? O que estava acontecendo? Correram em silêncio, o coração palpitando de nervosismo, suando frio. Será que haveria mais perigo pela frente? Não sabiam, estavam temendo por algo pior.

De repente, Shinzou parou de correr.

- Não está certo. Não está certo mesmo. - disse com um tom sério.

- ... - Kin ficou em silêncio, olhando para baixo.

-Também acho que não está certo abandoná-lo daquele jeito. Mas o que podemos fazer? Não temos aquela flauta mágica, nada. - Kana disse, meio triste.

Trovejou duas vezes, com direito a relâmpagos claríssimos e forte.

Kin estava confusa. Ao mesmo tempo que queria fugir, salvar sua vida, algo a dizia que estava totalmente errado. Ficou com raiva dessa indecisão, não era desse tipo. Respirou fundo, ouviu a chuva cair por todo seu corpo. Era bom.

- Okay. A gente que ajudá-lo, mas como? - ela finalmente disse.

- Sei lá. Distraindo o animalzinho? - Shin riu com seu comentário.

- E ter chance de ser comido por ele? É, acho que não é tão ruim assim.

- Olha só! Vamos morrer como heróis gregos~! - Kanami comentou, rindo.

Mas o riso desfez de repente. Ouviram o rosnado, os passos pesados. De novo naquela situação. O que deve ter acontecido com o mestre?

Shinzou olhou pelos cantos dos olhos, os lados, a procura de algo que possa ser usado para combate. Viu apenas latas de lixo de metal, postes de luz, plantas. Blah, latas de lixo de metal? Bem, não custava tentar.

- No 3, vocês correm. - sussurrou baixo - 1...2...

- P-Perai, o que está planej- Kin disse.

- 3!

Shinzou correu para os lados, enquanto as meninas fugiam. O leão avançou rapidamente na direção das duas, mas o garoto pegou a tampa da lata de lixo e o arremesou na direção do animal. Isso chamou a atenção da criatura. O ataque não fez nem um arranhão. De perto, não tinha nenhum machucado. Oras, o mestre foi tão inútil assim? Shinzou ficou paralisado, sua hora de morrer tinha chegado.

- Shinzou! - Kanami queria correr na sua direção, mas Kin a puxava de volta pela mão, mas estava escorregadia por causa da chuva e acabou soltando-a.

A sua amiga correu em sua direção. Por que ela fez isso? O animal virou sua atenção para a garota e avançou na sua direção para abocanhá-la.

-Kanamiiiiiiii! - Kin gritou e um estrondo foi ouvido.

O leão foi fortemente atingido por um raio. Ele cambaleou, soltando fumaça pela boca, mas continuou de pé.

-Sai daí!! - sua amiga gritou.

Kana estava paralisada com a cena que presenciara. Seus olhos e bocas estavam arregalados, como se estivesse tendo pesadelos. Com o grito da amiga, acordou desse transe e tenou sair dali. Estava tão assustada que nem conseguiu ficar de pé, tendo de se arrastar no chão. De repente, o animal mordeu sua perna esquerda e um grito agudo foi ouvido, juntamente com lágrimas.

Vendo que a criatura não largava o pé da amiga, que continuava a perfurar e sangue escorrer, Shinzou jogou-se por cima do lombo do animal, envolveu seus braços em torno do pescoço e apertou o mais forte que conseguia, fazendo com que a boca não mordesse mais. Mas algo de estranho aconteceu. De repente, o leão começou a cambalear de um lado para o outro. Miava fracamente, balançou seu corpo, quase tropeçou entre suas patas e parecia que deu um soluço. Kin aproveitou essa ocasião estranho e puxou sua amiga para longe do animal.

O mestre estava todo estraçalhado. Olhos roxos, boca, testa e braços sangrando. Mancava e havia cortes nas pernas.

- Não sai de cima desse leão, menino. - disse e ficou debaixo do poste de luz.

Jogou uma moeda dourada, que sumiu de repente no ar.

-...Hmm...oh, realmente, sinto sua presença por aqui. Okay, levarei-os imediatamente aí. Até logo. - o mestre balançou as mãos e virou para os três.

- Então... até quando vou ter que ficar aq- e foi arremessado para longe. Sentiu um crack no seu braço.

O leão sacudiu e estava plenamente vivo. Rosnou para Shinzou, que sentia muita dor por ter caído em cima do seu próprio braço.

- Shinzou!!! - Kin gritou e novamente um raio quase acertou o leão.

O animal abriu sua boca e como suspense, aproximou bem devagar do rosto dele. Sentiu o bafo quente de carne podre e agora tinha certeza que morreria.

Ouviram relinchos de cavalos. Todos olharam para o céu, onde o som vinha e viram uma biga sendo puxado por dois pégasus de cor castanho claro. O condutor arremessou uma lança, mas a pele do leão simplesmente fez um som de metal e a ponta da arma não fez nada.

O mestre viu que o condutor carregava uma outra arma e pegou sua flauta, tocando Fireworks novamente. Cipós apareceram e enrolaram-se nas patas do leão, dando tempo para o estranho pular da biga, correr em direção a criatura e dando um golpe direto na cabeça do animal. Era uma clava de metal com espinhos de bronze celestial. Isso fez a criatura cair duro no chão.

- Boa hora, Blayzer! - o mestre chegou junto ao garoto.

- Olha isso! Dois meio sangues feridos! Carl, você poderia ter feito trabalho melhor - Blayzer disse, bravo.

- EU sei. Mas é covardia um sátiro lutar contra o leão de Nemeia! Plantas não são efetivas com uma criatura que tem a pele invunerável. Aliás, o que foi aquela lança inútil? - parecia que os dois começariam a discutir.

- Foi mesmo para testar se era Leão de Nemeia. Iris respondeu que a chamada não poderia ser completada, por que Carl estava lutando contra um leão de Nemeia e blah, blah, blah. Um leão de Nemeia! Queria ter lutado bravamente contra esse poderoso inimigo, mas Quíron me disse " Nada de lutas. Meio sangues são prioridade, lute se eles realmente estiverem em perigo." Olha, eu até poderia ter lutado, mas se eu for para Quíron e falar "Derrotei o Leão de Nemeia SEM a clava de Hércules e trouxe dois meio sangues feridos." ele teria me dado um castigo lindo para a chalé.

- Até parece que você conseguiria derrotá-lo sem a clava de Hércules. Você nem é t-

- Hellooooooooo?! Tenho dois amigos feridos. - Kin interrompeu a briga, brava, enquanto segurava Kanami agoniada de dor.

- Ah, perdão. Enfim, infelizmente poderei levar só uma pessoa na biga e essa será sua amiguinha. Carl chamará um táxi para vocês e irão direto para o Acampamento. Vejo vocês mais tarde.

Blayzer pegou Kanami e colocou-a sentada na biga. Partiu, sumindo no céu escuro e chuvoso. A chuva tinha amenizado, mas ainda estava garoando forte. Carl procurou algo que serviria de tala, pegou cipó e fez uma atadura provisória para Shinzou. Depois, saíram do parque e foram direto para a avenida principal.

Carl tirou outra moeda de ouro e jogou no meio da avenida. Sumiu no ar e os dois só observaram, meio atônitos.

- Stêthi 'Ô hárma diabolês" - ele pronunciou.

Os dois se entreolharam. " Pare, biga da Condenação" eles entenderam o que Carl tinha falado. Rapidamente um carro cinza parou na frente deles. O sátiro abriu a porta de trás e mandou entrarem. Acomodaram-se e o mestre pediu para ir até o Acampamento Meio Sangue.

Kin quase deu um grito de horror ao ver quem era os condutores. Eram três velha fedidas que o tempo todo gritavam, clamavam para usar o olho. Shinzou tentou dar uma olhada por perto e deu de cara com uma das velhas. Elas só tinham um buraco no lugar do olho e um dente apenas. As três brigavam o tempo todo para ter o único olho disponível para enxergar. Vire e mexe via-se o orgão pulando de um lado para o outro. Sem contar a gritaria, a bagunça, o jeito descontrolado de dirigir; o carro virava para lá e para cá bruscamente, deixando Kin tonta e Shinzou agoniar de dor.

- Segurem-se. Esse é o meio mais rápido de se chegar ao Acampamento... tirando a biga de pegasus. Vocês precisam ter um dracma e falar exatamente aquelas palavras que pronunciei. Olha, já estamos próximos.

Os dois viraram-se para a janela e apenas viram uma extensa plantação de morango, um pinheiro no alto da colina e... um dragão?